SINCOMÉRCIO Piracicaba

400 peças

Exposição "Papéis Efêmeros: Memórias Gráficas do Cotidiano" revela acervo do Museu do Ipiranga

Publicado em: 22/04/2019

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Em 26 de abril, sexta, às 20h o Sesc Piracicaba abre a exposição “Papéis Efêmeros: Memórias Gráficas do Cotidiano”, com um acervo do Museu Paulista da Universidade de São Paulo, conhecido como Museu do Ipiranga. A curadoria é do designer Chico Homem de Melo e da diretora do museu Solange Ferraz de Lima, a mostra explora o design de impressos cujo destino mais comum é o descarte imediato após o uso. A mostra é fruto da parceria de duas instituições: Sesc SP e USP.

Com entrada gratuita, a visitação acontece até 28 de julho, terças a sextas, das 13h30 às 21h30; sábados, domingos e feriados, das 9h30 às 17h30. O agendamento de grupos nos períodos da manhã, tarde e noite, pode ser feito pelo  sescsp.org.br/piracicaba na aba Agendamentos. Em todo o período da exposição pretende-se realizar uma programação complementar que contará com bate-papo, oficinas e cursos de desenvolvimento artístico.

Em Piracicaba, estarão expostas cerca de 400 peças gráficas que revelam hábitos e costumes dos brasileiros entre o ano de 1890 e o fim da década de 1990. “O que elas têm em comum é o fato do design muitas vezes não ser assinado, o uso de técnicas que já desapareceram, como a litografia e a tipografia, e o fato de essas peças lidarem com vários sentidos efêmeros, permitindo uma reflexão sobre o tempo”, conta Solange Lima.

Grande parte do acervo pertence à Coleção Egydio Colombo (1955-2013) que iniciou através de seu trabalho final de graduação com colagem de rótulos. O arquiteto e professor de História da Arte preservou, durante duas décadas, os mais variados rótulos e embalagens. Em 2003 a coleção foi doada para o Museu do Ipiranga. Para a exposição foram selecionados alguns papéis de balas, como Dulcora e Juquinha, santinhos católicos, filipetas de oráculos, rótulos de aguardentes, como Cascata, de fogos de artifício, como Caramuru, e de fósforos, como Gato Preto, entre outros.                                                                                           

 “Conforme reuníamos o material, que foi complementado por coleções particulares e por rótulos pincelados por mim em feiras de antiguidade como a do bairro Bexiga, da Praça Benedito Calixto e do MASP em São Paulo, fomos expandindo o sentido de efêmero. Inclusive uma das peças que ilustra a exposição, o Cartão de boas festas da Grande Oficina Mechanica Eduardo Taurisano (1908), encontrei no chão da feira Benedito Calixto. Além dos itens de descarte rápido, estamos trazendo mídias que desapareceram, como as partituras com capas ilustradas utilizadas nos saraus entre as décadas de 1910 e 1930, assim como catálogos de moda do Mappin e cadernos de caligrafia”, explica Chico.

No processo de seleção, a curadoria valorizou a diversidade de usos e funções desses impressos, adotando a ideia de efêmero também para refletir sobre os ritos de passagem em nossas vidas, as práticas culturais e educativas que não fazem mais sentido e as mídias que se tornaram obsoletas.

A exposição está organizada em três módulos temáticos principais - Cultura, Educação e Consumo - e dois módulos transversais - Técnicas de Impressão e Design que mostram como os papéis efêmeros serviram de inspiração para o design contemporâneo. Além dos materiais presentes no cotidiano, a exposição traz peças icônicas como cartazes de Andy Warhol.

Segundo os curadores, a mostra captura momentos importantes da história do design. É possível perceber, por exemplo, o aumento da presença da fotografia no século 20, substituindo as ilustrações e, na educação, a valorização da imagem atrelada ao aprendizado, como no caso da cartilha Caminho Suave, que pregava a alfabetização por meio de figuras.

Parceria entre instituições

A parceria entre o Museu Paulista da Universidade de São Paulo e o Sesc SP começou em 2017 com a realização de oficinas de conservação e atividades educativas com o corpo técnico do museu.

“A Universidade de São Paulo tem, nos últimos quatro anos, incrementado ações focadas no relacionamento com a sociedade, responsável por seu financiamento. A parceria com o Sesc é um desses exemplos de sucesso, que tem resultado em projetos importantes voltados à população, como essa exposição que evidencia a importância do acervo do Museu Paulista e os vínculos da universidade firmados com a comunidade”, afirma Vahan Agopyan, reitor da USP.

“A parceria do Sesc com a USP é um alinhamento natural entre entidades que comungam de objetivos semelhantes. Realizamos ações conjuntas anteriores, como seminários e outras atividades culturais, em diversas unidades do Sesc São Paulo. Agora, com a exposição, promovemos mais uma colaboração por meio das atividades artísticas e educativas que garantem o acesso da população aos bens culturais”, ressalta Danilo Santos de Miranda, diretor regional do Sesc São Paulo.

Sobre os curadores

Solange Ferraz de Lima é diretora do Museu Paulista da Universidade de São Paulo desde junho de 2016. Possui graduação em História, mestrado e doutorado em História Social pela Universidade de São Paulo e livre-docência pelo Museu Paulista da USP. Tem experiência na área de História, com ênfase em Cultural Material e Cultura Visual. Sua produção acadêmica resulta da pesquisa e curadoria de acervos, principalmente nos temas de cultura visual, cultura material, fotografia, ornamentação, cidades, coleções, curadoria e museus. Solange também prestou um trabalho de consultoria ao programa Sesc Memórias e, através desse trabalho, produziu  As imagens da imagem do Sesc: contextos de uso e funções sociais da fotografia na trajetória institucional, lançado pelas Edições Sesc São Paulo em 2014.

Chico Homem de Melo é designer e professor de programação visual da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, onde graduou-se em Arquitetura e fez o mestrado e o doutorado. É sócio da Homem de Melo & Troia Design, escritório dedicado a projetos relacionados à educação e à cultura. Publicou os livros ‘Os desafios do designer’ (Rosari, 2003) e ‘Signofobia’ (Rosari, 2005), além de ter organizado as publicações ‘O Design Gráfico Brasileiro: anos 60’ (Cosac Naify, 2006) e ‘Linha do tempo do design gráfico no Brasil’ (Cosac Naify, 2012). Este último contém o levantamento mais abrangente já realizado sobre a atividade no país.

SERVIÇO

PAPÉIS EFÊMEROS: MEMÓRIAS GRÁFICAS DO COTIDIANO
Gratuita
Abertura:
26 de abril de 2019, sexta, às 20h
Visitação: 27 de abril a 28 de julho
Horário: Terça à sexta, das 13h30 às 21h30 | Sábados, domingos e feriados, das 9h30 às 17h30
Local: Sesc Piracicaba – Área de Exposições
Endereço: Rua Ipiranga, 155
Mais informações e agendamento de grupos: www.sescsp.org.br/piracicaba