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Novo ano de trabalho. Por onde começar?

Publicado em: 30/01/2020

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*Por João Carlos Goia

 

Chegamos a 2020. Pleno século XXI. Tempo em que a palavra desemprego preocupa e ocupa boa parte do pensamento das pessoas. Revolução do mundo do trabalho que ocorre de forma rápida, atingindo até os que nem idade para isso ainda têm, pois os que são pais e mães já devem ter se perguntando em algum momento, neste novo mundo imaterial, “onde e como nossos filhos trabalharão?”.

Atuando no segmento educacional, que está ligado à cadeia de prestação de serviços, tenho experiência suficiente para reconhecer a queda na procura por qualificação em tempos áridos para o trabalho. Parte desse desinteresse se dá devido às limitações financeiras, mas um percentual considerável recai sobre a apatia e falta de motivação no autodesenvolvimento, pensando num cenário não favorável para garantia de um emprego.

O fato é: diante da transformação acima citada e que venho abordando com frequência, não existe mais espaço para o desinteresse em qualificação e requalificação profissional constantes, ou seja, não temos outra opção a não ser nos especializarmos ao máximo, seja em nossa área de atuação, ou em outra nova que desejamos explorar, principalmente na tecnológica.

Pesquisas apontam a extinção de inúmeros postos de trabalho nos próximos 20 ou 30 anos. Só no Brasil, os dados são alarmantes e demonstram que 50% das profissões deixarão de existir. Reforço, mais uma vez, que não se trata de um apagão de profissionais, mas sim, da mesma dinâmica vivenciada em diferentes períodos de transformação de nossa sociedade produtiva. Talvez os fatores exponencialidade e velocidade ajudem a criar esse cenário de dificuldades para ingresso ou permanência no mundo do trabalho.

            Se ficou curioso sobre essas tendências, proponho uma autoavaliação de sua profissão ou emprego. Primeiramente, se seu trabalho pode ser resumido em um checklist, provavelmente está fadado a desaparecer, pois a chance de ser automatizado é imensa. Vou citar um exemplo: motorista. Seu checklist, claro que de forma simplista, seria: abrir o carro, entrar no carro, ligar o carro, definir destino, dirigir, chegar ao destino. Já temos algoritmos suficientes para isso. Apenas uma questão de tempo para termos tecnologias suficientes disponíveis para que não precisemos mais perder tempo dirigindo. Segundo momento da experiência: acesse o site https://willrobotstakemyjob.com/ e insira sua profissão em inglês, como teacher em vez de professor, e verifique o percentual de risco de extinção de sua carreira. Essas duas experiências simples irão ajudá-lo a entender se precisa se preocupar muito ou pouco com a possibilidade de seu trabalho deixar de existir nos próximos anos. Se o percentual de risco para seu emprego estiver igual ou acima de 70%, está na hora de começar a redefinir os rumos de sua atuação profissional.

            Ainda falando em estratégias para se preparar e buscar seu lugar ao sol, sugiro que se aproprie do máximo de informação, que deve ser transformada em conhecimento, pois são as moedas correntes desse novo mundo, começando por algumas leituras indispensáveis. Indico 21 lições para o século XXI, de Yuval Noah Harari, especialmente a primeira parte, que trata do desafio tecnológico. Desde seus livros que antecedem este, como Sapiens e Homo Deus, Harari consegue traduzir, como ninguém, esses novos tempos de forma bastante eficaz, nos trazendo insights de como podemos nos preparar e evoluir para enfrentar esses desafios.

            De posse das informações pertinentes e realizando as análises necessárias, sabemos minimamente por onde começar e esse início é a preparação. Empregos que hoje absorvem boa parte da camada social com baixa qualificação, provavelmente, deixará de existir, ou seja, não há outro caminho além dos estudos e atualização constante, pois as oportunidades sempre existirão, porém, em um universo que exija alta e especializada qualificação. Precisamos, de uma vez, inverter a pirâmide organizacional, transformando-a num losango, teoria que pretendo abordar em breve.

            Sendo assim, o tempo urge e precisamos correr. Saia de sua zona de conforto. Se tem um emprego que se enquadra minimamente nas descrições que destaquei durante este breve texto, comece a considerar a possibilidade de não o ter em breve e se preparar para um novo. Se está em busca de uma oportunidade, foque em alta qualificação para encontrar esses espaços. Os seres humanos estarão sempre à frente nessa relação homem versus máquina e é preciso apenas que ocupemos nossa posição, ou seja, à frente delas, inventando-as e programando-as, em vez de sermos substituídos por elas. 

*João Carlos Goia é gerente do Senac Piracicaba, jornalista pós-graduado em Criação de Imagem e Sons em Mídias Digitais e mestre em Educação.